segunda-feira, 17 de julho de 2017

OS CONSELHEIROS DE JÓ.

Por: Adonias Gonçalves.

Jó 2. 11-13: Romanos 15. 14: 1Corintios 12. 25.

O sofrimento humano é uma realidade que atinge em cheio as pessoas em qualquer lugar, independente da sua posição social, intelectual ou financeira. Até mesmo nós os crentes, não estamos livres da presença do sofrimento que nos rodeia quer seja pela falta de uma boa saúde, que pelas circunstancias a nossa volta.

Muitos crentes, ainda que não sogram por causa do pecado, estão pecando por causa do sofrimento e suas consequências. Alguns estão perdendo a esperança e fraquejando na fé por não conhecerem que do sofrimento humano podem surgir novas experiencias com o Senhor que é o Deus da consolação (1Corintios 1. 3).

Uma das grandes necessidades da igreja neste inicio do Seculo XXI é a ausência de conselheiros espirituais capazes. Homens e mulheres movidos pela compaixão conseguem levar consolo de Deus a corações feridos e almas abatidas pelo sofrimento. Onde estão tais pessoas? Por que é tão escasso esse ministério na igreja moderna?

Quero convidar o querido leitor a um passeio pelo Livro de Jó, onde veremos os perfis daqueles que um dia se apresentaram como conselheiros deste grande servo de Deus do passado. Vamos nos deter na ineficácia de Bildade, Elifaz e Eliu, como experiencias negativas de aconselhaemnto, e ao mesmo tempo buscarmos orientação bíblica para conduzir o ministério de aconselhamento espiritual de forma Bíblica, centralizada na vontade de Deus.

Os conselheiros espirituais devem ser homens e mulheres que possuam experiencias intimas com Deus, caso contrario, toda eficiência de tal esforço estará comprometido. É necessário que os conselheiros espirituais possuam três qualidades básicas.

1. Conhecimento da soberana vontade de Deus.
2. Sabedoria concedida por Deus e conhecimento da Sua Palavra.
3. Interesse e boa vontade para com os outros crentes.

I. CONSELHEIROS QUE NÃO SABEM CONSOLAR ( Jó 2. 11-13; 16. 1-5).

Bildade, Elifaz e Zofar devem ser admirados pro algumas razões: Primeiramente eles foram visitar Jó com a sincera intenção de conforta-lo (2. 11). Segundo reconheceram o intenso sofrimento de Jó e imaginaram que a melhor coisa era se calar (2. 12-13). Terceiro foram diretamente a Jó. Não ficaram comentando pela vizinhança a desventura de Jó.

1. O proposito de consolar, Jó 2. 11-13.

Uma pergunta que é peculiar quando vemos um irmão sofrendo é a seguinte: "o que fazer?". A primeira coisa a fazer é reconhece que Deus é o Deus de toda a consolação (2Corintios 1. 3-4). Só ele tem esta capacidade.

2. Os problemas dos amigos de Jó, Jó 16. 1-5.

Observe querido leitor que a avaliação feita por Jó sobre seus três amigos revelou todo o fracasso daquela visita. Jó exclama:"Pobres consoladores são vocês todos!"-NVI. Jó havia acabado de ouvir Elifaz (Jó 15. 1-35), que assegurou estar transmitindo o consolo de Deus (15. 11). Jó contradiz sua alegação. Conselheiros que não sabem consolar não conseguem atingir um coração ferido.

II. CONSELHEIROS MOVIDOS PELA FALSIDADE (Jó 21. 34).

Se o conselheiro se encontra na mesma situação do aconselhado o aconselhamento não poderá ter exito. O dilema dos amigos de Jó era imenso pois eles viam naquilo que acusavam o sofredor Jó o mesmo que permitiam em suas vidas e desse jeito não podiam ajudar a Jó com sinceridade.

a) As deficiências de Bildade, Elifaz e Zofar, Jó 6. 14-23.

Tudo o que Jó necessitava naquele momento era ter sua fé fortalecida (6. 14), pois ele corria o risco de ter se esquecer do temor do Todo Poderoso. Cheio de desolação, Jó os compara ironicamente a riachos de sua região que com a geada possuíam muita água (6. 16), mas na seca desapareciam (6. 17). Quantos são assim! Não se lembram de resolver suas próprias questões antes de saírem para resolver as alheias.

Os três amigos de Jó interpretaram o imenso sofrimento deste justo servo de Deus como punição divina. Eles temiam consolar alguém que estava sendo castigado por Deus (6. 21). Conhecendo suas intenções, Jó deixa claro que não queria o dinheiro deles (6. 22) e nem mesmo alguma atitude heroica da parte de tais homens (6. 23). Tudo o que Jó desejava era ser consolado em meio ao temporal pelo qual passava. Um pouco de alivio...

b) Mais um problema de Bildade, Elifaz e Zofar, a falsidade, Jó 6. 24-30; 21. 34.

Os três haviam criticado severamente as palavras que Jó havia pronunciado em meio ao desespero. Ele então os desafia a uma observação mais profunda e cuidadosa acerca do problema (6. 24-28). Jó apela para o bom senso e para a sinceridade que deve fazer parte daquele que propõe a aconselhar. A certeza da sua integridade era patente na mente deste grande servo de Deus (6. 29-30).

III. CONSELHEIROS INSENSATOS (Jó 12. 1-6).

Observe, prezado leitor que os três amigos de Jó estavam seguros de si mesmos. Por exemplo, Elifaz estava seguro de sua grande experiencia, ao passo que Bildade estava seguro de sua tradição, e por fim Zofar estava seguro de sua posição. Na avaliação de Elifaz, se Jó não estivesse em pecado não estaria naquela situação. Esse é o conceito moralista, religioso, frio e insensível. Na avaliação de Bildade jó devia estar em pecado por isso estava sofrendo. Esse é o conceito do legalista religioso. Para Zofar Jó estava em pecado, por isso sofria tanto. Esse é o conceito do dogmatismo religioso sempre pronto a emitir suas conclusões acerca dos problemas alheios.

Os três estavam tão certos do seu amplo entendimento espiritual que Jó se vê obrigado a ironiza-los que responde: "Sem duvida vocês são o povo, e a sabedoria morrerá com vocês" (12. 2- NVI). Aqui Jó esta respondendo a afirmação de Zofar feita um pouco antes (11. 6).

IV. A POSIÇÃO DO CRENTE DIANTE DE DEUS (Jó 13. 3-4).

Na medida em que a confiança nos pretensos conselheiros foi diminuindo, a confiança em Deus foi aumentando mais e mais. Jó os censura duramente (13. 4-5), pois como médicos da alma (13. 4) eles haviam falhado no processo de cura. Foram ineficazes e não puderam ajudar.

Jó indaga-lhes se pretendiam apresentar a falsidade de suas acusações como verdade diante de Deus (13. 6-8). Ele não se esquece de lembra-los que fazendo assim, Deus o verá (13. 9) e os repreenderá (13. 10). Zofar, Bildade e Elifaz possuíam um grande problema: seus argumentos eram fracos demais, pois Jó os declara: "As máximas que vocês citam são provérbios de cinza: suas defesas não passam de barro" (Jó 13. 12- NVI).

V. CONCLUSÃO (Romanos 15. 14).

Concluindo nosso "passeio" pelo Livro de Jó devemos considerar que o ministério do aconselhamento espiritual que não leva consolo e abrigo ao aflito e que não busca a solução de Deus, não é eficaz. Precisamos considerar também que todo o conhecimento humano e todas as experiencias de vida não são suficientes para o exercício do aconselhamento.

Olhe a sua volta. Observe que quem necessita de consolo e aconselhamento. Busque sabedoria de Deus para ajudar aqueles que sofrem. Os motivos para o sofrimento humano são diversos; porem a solução, amparo e consolo vem de uma unica fonte - Deus.


Extraído do Boletim Informativo IDE de 2010 pag. 18.




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