Autor: Desconhecido.
“Falarão novas línguas” (Mc 16.17).
Entre as promessas que o Senhor Jesus deixou, talvez seja
esta a que mais tem chamado atenção nestes últimos tempos. De fato, é uma
promessa notável que merece a nossa séria meditação, porque era uma coisa
completamente nova que ainda não acontecera nem mesmo durante o ministério do
Senhor Jesus aqui na terra.
Embora não encontremos o dom de línguas no Velho Testamento,
seria bom lembrar que sempre houve línguas na terra. A Bíblia afirma que desde
a criação até o tempo da torre de Babel havia no mundo uma só língua (Gn
11.1-9). Por causa do orgulho dos homens ímpios Deus confundiu a linguagem de
toda a terra e, daquele lugar os dispersou por toda a superfície dela. Depois
daquele dia, se alguém quisesse falar outra língua teria de estudá-la, como até
hoje acontece. Veja, por exemplo, como Daniel estudou a língua dos caldeus
durante três anos (Dn 1.4-6). Até hoje vemos o grande trabalho que as línguas
dão aos homens. A “Missão Internacional das Escrituras”, com sede em Londres,
publica atualmente as Escrituras em 350 línguas diferentes para uso em 150
países diferentes! Isto representa muito trabalho, estudo e despesa.
1. AS LÍNGUAS NOS EVANGELHOS.
O dom de línguas não foi concedido antes da morte de Cristo.
A placa que foi colocada na cruz foi escrita em três línguas e serviu para que
todos, judeus, gregos e romanos soubessem, nas próprias línguas deles que Quem
estava morrendo naquela cruz era o Rei dos judeus.
É somente no fim do Evangelho de Marcos que encontramos a
promessa de Cristo — “falarão novas línguas”— e é aqui onde tem início uma nova
“confusão de línguas”! Podemos ter a certeza de que quando o Senhor Jesus
Cristo fez esta promessa Ele não queria causar confusão. Vamos, então, examinar
as Escrituras sobre o assunto, pedindo a Deus que nos dê conhecimento da Sua
vontade e não confiando em nosso coração enganoso.
Em primeiro lugar devemos notar que a promessa das línguas
foi feita com referência à pregação do Evangelho, e que não foi
mencionada quando Cristo enviou os Seus discípulos a ensinar os novos
convertidos (Mt 28-18-20). Devemos notar, também, que a outra promessa — “até a
consumação do século” — constante do texto acima mencionado, não foi feita com
referência aos sinais, mas ao ensino dos discípulos.
Em segundo lugar, é importante observar com cuidado o tempo
dos verbos nos últimos dois versículos de Marcos 16. A única interpretação
gramaticalmente correta do que Marcos afirma é que a promessa de Cristo sobre sinais
e línguas fora cumprida antes de ter ele escrito o seu Evangelho.
2. AS LÍNGUAS NO LIVRO DE ATOS.
O que encontramos no livro de Atos é uma coisa inteiramente
nova. Certas pessoas, pelo poder de Deus, receberam capacidade de falar em
“novas línguas”, ou seja, que não eram suas línguas maternas, sem as terem
estudado. Há três destes casos mencionados no livro: um em 2.5-13, outro em
10.44-48 e outro em 19.1-7. Possivelmente tenha ocorrido mais um caso em
8.14-19, mas ali não é explicado o que realmente aconteceu naquela ocasião.
Seria necessário ter conhecimento destes casos antes de prosseguirmos em nossa
meditação.
Não pode existir dúvida quanto ao fato de que o primeiro
destes casos constitui-se em padrão para os demais, porque os outros casos despertaram
lembranças daquele primeiro caso (veja At 10.47 c/ 11.17). Voltando para o caso
de Atos 2, vamos considerar três perguntas importantes:
Pergunta 1. QUEM FALOU EM NOVAS LÍNGUAS ?
Resposta: Os apóstolos “galileus” (1.11 cp 2.7).
Pergunta 2: QUE FOI QUE OS APÓSTOLOS FALARAM?
Resposta: “As grandezas de Deus” 2.8-11).
Pergunta 3: COMO FOI QUE PEDRO EXPLICOU AS NOVA S
LÍNGUAS?
Resposta: Veja 2.17-21.
Para explicar aquele acontecimento Pedro citou a profecia de
Joel 2.26-28, concernente a Israel, que eles, sendo judeus, conheciam muito
bem. Ele demonstrou por este trecho do Velho Testamento que o sinal das novas
línguas fora dado com o propósito de levá-los a “invocarem o Nome do Senhor
para serem salvos”. Notemos aqui que Joel não falou de “novas línguas”, mas de
outros sinais que não aconteceram naquele dia, nem até hoje. Todos os sinais
que Joel profetizou somente acontecerão no tempo da grande tribulação, quando
estiver bem próxima a vinda do Senhor “em poder e grande glória” (Mt 24.29-30),
o que acontecerá depois da era da Igreja na terra (Ap 3.10). Temos de lembrar
que Joel não escreveu para a Igreja, mas para a nação de Israel, e que a sua
profecia ainda será plenamente cumprida para aquela nação. Notemos que quando
os judeus incrédulos, atraídos pelas línguas, ouviram o Evangelho e,
reconhecendo o seu pecado, perguntaram: “Que devemos fazer?”, não foram
instruídos a falar em novas línguas, nem há qualquer evidência de que isto
tenha acontecido. Eles simplesmente reconheceram os seus pecados, aceitaram a
Palavra, foram batizados em água e perseveraram no ensino dos apóstolos, na
comunhão, no partir do pão e nas orações (At 2.41-43). Os apóstolos ainda
faziam sinais, mas as línguas não aparecem mais nas listas dos sinais
praticados (At 4.16; 8.7).
Passando, agora, para os outros casos relatados em Atos,
podemos facilmente observar que o sinal das novas línguas era muito raro, mesmo
naqueles dias. O livro relata a história dos primeiros trinta anos da Igreja
(aproximadamente), durante os quais aparecem apenas três referências e,
possivelmente, mais uma, conforme já mencionamos. Há fatos importantíssimos
ligados a cada um destes casos, que provam o caráter especial de cada um deles.
A ocorrência do capítulo 8 foi por ocasião da conversão dos PRIMEIROS
SAMARITANOS. No capítulo 10 o fato deu-se no dia da conversão dos PRIMEIROS
GENTIOS. E no caso do capítulo 19 temos a conversão dos DISCÍPULOS DE JOÃO
BATISTA que, por causa das suas circunstâncias especiais, não tinham ouvido da
existência nem do Espírito Santo, nem da Igreja. Se conhecêssemos a situação
social que naquele tempo prevalecia entre judeus, samaritanos e gentios,
poderíamos entender melhor a necessidade que estes três grupos tinham de
receber da parte de Deus este mesmo sinal, mediante o qual ficaria provado que
TODOS eram aceitáveis em Cristo e, portanto, dignos da comunhão como irmãos no
Senhor. A “parede de separação” que existia naquele tempo entre os judeus e as
outras raças era um grande obstáculo ao plano divino de salvar “até aos confins
da terra”, e a Igreja em Jerusalém demorou anos para compreender este plano que
foi apresentado pelo Senhor em Atos 1.8. Notamos como Pedro, depois de ter
pregado aos primeiros gentios foi argüido pela liderança da Igreja em Jerusalém
(At 11). Realmente foi só no tempo de Paulo que o plano divino chegou a ser
amplamente praticado, mas mesmo ele, por causa de pregar aos gentios, sofreu
muita perseguição por parte dos judeus (At 21.17-40). Pode ser que o dom de
línguas tenha sido concedido em outras ocasiões durante o período de Atos, mas
temos muita razão em pensar que o dom das novas línguas não era comum naquele
tempo e que era um sinal absolutamente necessário no início da Igreja, enquanto
o plano divino para a mesma não era bem entendido. É bom notarmos também que em
cada um dos casos mencionados em Atos, o dom foi concedido acompanhando a
salvação das almas, como o Senhor prometera em Marcos 16. Notemos mais, que em
nenhum daqueles casos alguém procurou o dom de línguas, pelo contrário, as
pessoas agraciadas receberam-no com surpresa.
3. AS LÍNGUAS NAS CARTAS DOS APÓSTOLOS.
Depois do livro dos Atos temos vinte e dois livros no Novo
Testamento. A maior parte destes são cartas escritas pelo apóstolo Paulo às
igrejas em Roma, Corinto, Galácia, Filipos, Colossos e Tessalônica e para
amigos pessoais como Filemón, Timóteo e Tito.
Estas cartas não foram escritas exatamente na ordem em que
as encontramos na Bíblia, e os eruditos, especializados neste assunto,
baseando-se em referências em Atos e nas cartas, como também em informações
arqueológicas, informam-nos que as duas cartas à igreja em Tessalônica são as
primeiras que foram escritas (51
a .D.), vindo a seguir Gálatas, 1ª e 2ª Coríntios e
Romanos (entre 53 e 57 a .D.).
Depois disto ele escreveu Filipenses, Efésios, Colossenses e Filemón (entre 60
e 62 a .D.).
Finalmente, Paulo escreveu 1ª Timóteo, Tito e 2ª Timóteo (entre 63 e 67 a .D.), quando estava
próximo à sua morte. Não sabemos com certeza quem escreveu a carta aos Hebreus,
mas parece ter sido escrita entre 63 e 68 a .D.. Os outros oito livros do Novo
Testamento foram escritos por Pedro (2 cartas), João (3 cartas e Apocalipse),
Tiago e Judas. Quase todos estes livros foram escritos depois dos que foram
escritos por Paulo, exceção feita a Tiago, que parece ter escrito bem mais
cedo, entre 49 e 52 a .D..
Esta informação é importante porque é somente em um destes
vinte e dois livros que aparece o assunto das “novas línguas”. Isto traz logo à
tona uma pergunta importante: Se as línguas foram planeadas por Deus para a
Igreja até a vinda de Cristo, por que há tão pouca menção do assunto nas cartas
dos apóstolos? Outra consideração importante é que 1ª Coríntios, a única carta
que trata do assunto, é uma das primeiras entre as cartas que foram escritas.
Agora podemos examinar o que Paulo escreveu sobre as línguas
nos capítulos 12 a
14 daquela carta. Ao lermos os três capítulos podemos facilmente constatar que
há uma seqüência importante: no capítulo 12 encontramos a lista dos dons
concedidos à Igreja Primitiva e somos informados sobre quem os concedeu; no
capítulo 13 verificamos que estes dons só têm valor quando são usados com amor
verdadeiro; e, no capítulo 14, vemos a necessidade de controle e ordem no
exercício dos dons, principalmente o dom de línguas, para que haja edificação
e, não, confusão. Não duvidamos de que estes três capítulos foram escritos para
corrigir a maneira como o dom de línguas estava sendo exaltado e a falta de
ordem e reverência como ele estava sendo exercido na igreja em Corinto. Quem duvidar
disto deve ler os três capítulos de uma só vez.
Alguns afirmam que o dom de línguas em Corinto devia ser
diferente daquele de Atos, que temos considerado. Assim afirmam baseados em 1
Co 13.1, onde lemos: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos...”.
Contudo, um pouco de atenção na leitura deste texto leva-nos a entender sem a
mínima dificuldade que Paulo não afirmou que falava línguas de anjos. O que ele
ensina é que, sem o amor, ainda que pudesse falar na língua dos anjos, nada
seria. De igual maneira diz ele no versículo 2: “Ainda que tenha eu tamanha fé
ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei”.
Ninguém imagina que Paulo estivesse falando literalmente em
transportar os montes pela fé, mas qualquer um entende sem a mínima dificuldade
que ele usa aquela expressão em sentido figurado para dar ênfase à necessidade
do amor.
O que podemos dizer é que a maneira de exercer o dom de
línguas em Corinto é que era diferente do que vemos em Atos e foi exatamente
por causa desta diferença que Paulo achou necessário escrever estes três
capítulos. Os irmãos da igreja em Corinto não estavam entendendo o propósito de
Deus em conceder aquele dom. Eles pensavam que o dom de línguas manifestava uma
espiritualidade superior e era, por isso, o mais importante de todos os dons.
Paulo usa vários argumentos para corrigir este pensamento. Em 12.10 ele mostra
que o dom de línguas não foi concedido a todos, mas somente a uns poucos. Nos
versículos 8 a
10 aparece sete vezes a expressão “a outro”, demonstrando como, mesmo naquele
tempo, somente uma pequena fração dos salvos possuía o dom de línguas, fato
este que ocorria igualmente com relação a todos os outros dons mencionados.
Nenhum deles era concedido a todos, mas cada um deles era outorgado a um
pequeno número dos fiéis. Portanto, seria inútil alguém procurar um dom que não
tinha recebido. Isto é reforçado nos versículos 28 a 30, onde podemos observar
também que na lista dos dons há uma ordem demonstrada. Tal ordem não pode ser
cronológica porque no livro dos Atos o dom de línguas não foi o último, mas o
primeiro dom manifestado. Contudo, notamos que, ao tratar do assunto em 1ª
Coríntios, onde os dons são apresentados em ordem seqüencial de acordo com a
importância de cada um para a edificação da igreja, o dom de línguas aparece em
último lugar.
Em 1 Co 13.8 Paulo deu-lhes uma outra razão para que não
dessem às línguas um valor exagerado, além do propósito de Deus: “Havendo
línguas, cessarão”. Alguns entendem que isto acontecerá numa ocasião futura,
quando o Senhor Jesus voltar e, em defesa deste argumento, invocam o versículo
10: “Quando vier o que é perfeito...”. Para os tais, a palavra “perfeito”, ali,
refere-se à perfeição do céu. Portanto, no entender dos tais, as línguas
continuarão a existir até chegarmos ao céu. É verdade que somente no céu haverá
perfeição absoluta, mas na Bíblia a palavra “perfeito” geralmente tem outro
significado. Lendo, por exemplo, Mt 5.48, 19.21, 21.16; Cl 1.28, 4.12; 2 Tm
3.17; Hb 6.1, etc., verificamos que a palavra “perfeito”, naqueles versículos,
expressa claramente o sentido daquilo que é “completo”, sem faltar nada. Também
a expressão “face a face”, no versículo 12, poderia levar-nos a pensar naquele
dia glorioso quando veremos nosso Senhor Jesus face a face. De fato, isto vai
acontecer, mas não é este o sentido da palavra neste versículo. Paulo a emprega
em contraste com a expressão “agora vemos como em espelho”. “O “espelho”, aqui,
não tem sentido real, mas figurativo, e significa que quando ele escreveu havia
muitas coisas concernentes ao plano de Deus e à Igreja que ainda não tinham
sido claramente reveladas. Os espelhos nos dias de Paulo eram de bronze polido
e refletiam uma imagem de qualidade inferior aos espelhos de hoje, que, em
comparação, mostram a nossa imagem “face a face”.
Assim, esta expressão deve ser também entendida
figurativamente e significa que viria o tempo quando haveria uma revelação
exata sobre o plano de Deus para a Sua Igreja. Esta revelação só pode ser a
Palavra de Deus, a Escritura do Novo Testamento, que não existia naquele tempo.
Havia apenas dois ou três livros do Novo Testamento quando Paulo escreveu a
carta aos coríntios. Podemos imaginar a dificuldade que isto trazia para as
igrejas que ainda dependiam das palavras faladas pelos apóstolos e profetas.
Quantas perguntas e dúvidas existiam nas mentes dos novos
convertidos. Mesmo Paulo nunca teve o privilégio de ler o Novo Testamento
completo como nós temos! Mas em 1 Co 13 há mais uma razão para nos convencer de
que a expressão “línguas cessarão” refere-se aos dias imediatamente após
aqueles em que Paulo
estava escrevendo. No versículo 13, lemos: “Agora permanecem a fé, a esperança
e o amor”. Perguntamos: Até quando haverá necessidade de fé e de esperança?
Será que precisaremos destas coisas depois da vinda de Cristo? Cremos que não.
Concluímos, então, haver neste texto duas coisas que Paulo considerava
permanentes, mas que, sabemos, continuarão até à vinda de Cristo. Deve ser bem
claro, então, que quando disse que “as línguas cessarão”, ele referiu-se a um
tempo bem anterior à vinda de Cristo. Devemos notar que há três grupos de
coisas no capítulo que têm durações diferentes:
1) Três coisas que cessarão logo
após o tempo em que a carta foi escrita: profecias, línguas e ciência (v.8).
2) Duas coisas que permanecerão
até à vinda de Cristo: fé e esperança (v. 13).
3) Uma coisa que dura para sempre
e por isso é “excelente” — o amor (v.13).
Pensando em 1 Co 14, vemos como Paulo exortou aquela igreja
a ter uma atitude mais madura com respeito aos dons espirituais, especialmente
o dom de línguas. Notemos os seguintes pontos do seu argumento:
Vv. 1-9 — A inutilidade de falar línguas desconhecidas na
igreja sem a devida interpretação. Esta ação é comparada a instrumentos mal
executados, que só fazem barulho e não têm qualquer sentido.
Vv. 10-11 — As “novas línguas” não são vozes de outro mundo,
mas são vozes usadas em outras partes do mundo, embora sejam “novas” para quem
as fala.
Vv. 12-19 — A necessidade de ser a língua falada entendida por
quem a fala, a fim de poder dar a interpretação. Nisto vemos um progresso em
relação ao que lemos em 12.10, onde era OUTRO quem dava a interpretação. Agora
Paulo exorta a que o mesmo irmão que fala explique aos presentes o que falou na
nova língua. Note, também, que CINCO palavras entendidas valem mais do que DEZ
MIL palavras em outra língua.
Talvez a carta inteira de 1ª Coríntios nem chegue a dez mil
palavras! Seria muito grande o esforço despendido para falar tudo isso, mas
seria tudo em vão se não fosse compreendido.
Vv. 20-25 — O propósito das “novas línguas” era sempre
convencer os incrédulos presentes na reunião, como aconteceu em Atos 2. A tentativa de modificar
este propósito certamente resultará em confusão.
Vv. 26-35 — A necessidade de controle e limite na reunião a
fim de manter a ordem e a reverência. Somente dois devem falar em outra língua,
cada um por sua vez, e com interpretação. Aqueles que falam devem estar
controlados pela sua mente e, não, pela emoção. As mulheres devem ficar caladas
na igreja.
Vv. 36-40 — Estes ensinos não são idéias particulares de
Paulo, mas são a Palavra do Senhor para a Sua igreja, não só em Corinto, mas em
toda parte.
Depois de receber exortação tão forte alguém poderia
facilmente proibir totalmente o uso deste dom, mas tal não era o propósito de
Paulo, pois àquela altura o Evangelho era pregado sem o auxílio dos livros do
Novo Testamento que agora temos, e aquele dom era ainda muito útil para
convencer os incrédulos da verdade do Evangelho.
Cremos que a igreja em Corinto obedeceu às exortações
recebidas, porque o assunto línguas não é mencionado na segunda carta que foi
escrita logo depois. De fato, não aparece mais na Bíblia. Em vão procurará
alguém mais referência a este dom nos vinte e um livros restantes do Novo
Testamento. O aparecimento das “línguas” entre os “crentes” é coisa
comparativamente nova, pois disto não há nenhuma menção na História da Igreja
durante muitos séculos. Por isso, devemos perguntar se o que está acontecendo
em nossos dias é realmente a manifestação do dom de línguas mencionado na
Bíblia, ou o cumprimento das profecias que anunciam que nos últimos dias haverá
na igreja imitações que, se fosse possível, enganaria aos próprios eleitos (Mt
24.24; 1 Jo 4.1; Apo 16.13-14).
Há fundamentadas razões que nos conduz a esta última
conclusão. Nesta questão de línguas há uma acentuada diferença entre o que
lemos na Bíblia e a confusão que atualmente se verifica onde se supõe existir
quem fale em “outras línguas”. Nesses grupos as pessoas são encorajadas a
procurar o dom e ensinadas a começar a falar repetindo palavras muitas vezes
até que venham a perder o controle sobre si mesmas.
Mas o que vemos na Bíblia é que o dom nunca foi procurado,
ao contrário, sempre veio como surpresa. Afinal, se for necessário trabalhar e
estudar para obter o dom, já não é mais dom!
Além disto, o fato de que este “sinal”, assim como outros,
tem aparecido em grupos de pessoas reconhecidamente incrédulas também confirma
esta conclusão. Cremos que a tendência atual continuará e aumentará com o
aparecimento contínuo de novos “sinais” entre a cristandade e que, mesmo após o
arrebatamento da Igreja verdadeira, eles continuarão com o propósito satânico
de seduzir o mundo e levá-lo a confiar no anticristo. Por isso é necessário
alertar os irmãos mais novos na fé sobre o grande perigo de participar em
grupos que procuram estas coisas (Jd 22-23).
Em conclusão, é precioso observar que, como lemos em Apo
5.9, no céu não haverá nada de confusão de línguas: “E entoavam novo cântico, dizendo:
“Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o
teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e
nação...”. Todos os salvos deste mundo louvarão e adorarão ao Senhor Jesus
Cristo em uma só voz. Não sabemos qual será aquela língua, mas quão bom é saber
que não haverá mais confusão, porque não haverá mais pecado, que é a raiz de
toda confusão nesta terra.
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